sábado, 21 de agosto de 2010

De quem sóis filhos?

pseudo: Gil Camões
 
Sois filhos da puta, da cafetina ou prostituta?
- De quem sois filhos?
Sois filhos da égua, da bota ou da jega?
- De quem sois filhos?
Sois filhos do boto, misterioso cetáceo
Objeto/sujeito da crendice de um povo?
- De quem sois filhos?
Sois filhos de Gandhi? (O Mahatma Gandhi, ou estais a pensar?)
Sis filhos de mãe solteira, cuja mãe lavadeira
trabalha pra sustentar

Filhos da puta, filhos da égua, filhos do boto, filhosdos filhos de Gandhi.
Lascívia! Palavra de ordem
Para um tão misterioso golfinho amazonense
Lascívia! Palavra de ordem para os adeptos do carnaval
Sois filhos de carnaval
Gerados num fim de semana festivo
Sois filhos da lascívia, da luxuria, da carne
Sois do mundo inebriante
Tomaste o “sexo” do boto
Para catalisar as suas paixões
E hoje sois filhos do Governo Federal
Pois vosso pai não vos deu um nome, nem um sobrenome.
Data 15/07/2009

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

IDENTIDADES E IDEOLOGIAS NO FAZER POÉTICO




Uma carta a Gonçalves Dias


Nobre colega Gonçalves Dias, desejo lhe informar que a tua terra está passando pelo um processo de destruição terrível, por essa razão me sinto na obrigação de fazer uma paráfrase com o seu poema. Tão lindo que é, porém não condiz com a nossa realidade. Minha terra não é como a tua, existe uma diferença exacerbada entre ambas.


Na minha terra não tem palmeiras,
Sabiá, muito menos;
As aves?... Ah, aves!
.... - elas não sabem mais gorjear
Talvez porque não tenha motivo para gorjear

Na minha terra, Gonçalves Dias.
Tinha macambira, tinha mandacaru,
Surucucu, quiabento, sanjueiro ou São João.
Tinha também aveloz (avelois)...
Hoje, dificilmente se vê uma planta destas.

Na minha terra, Gonçalves Dias.
Os preás corriam entre as macambiras
Hoje, eles estão quase extintos.

Nosso céu, Gonçalves Dias.
Não tem mais tantas estrelas,
Ou...
“Pelomenos”...
Elas foram encobertas pela fumaça
Nosso céu agora não é mais azul,
É enegrecido.
No nosso céu tem um enorme buraco
Por esse buraco o homem não pode
Ligar-se a Deus
Pois esse buraco é o da
Camada de ozônio


Nas nossas várzeas não tem mais flores
E se queremos flores
Temos que ir às lojas
De flores artificiais

Na minha terra tem
Muitos rios poluídos
Tem muito desmatamento
Tem traficantes de animais silvestres
Tem vazamento de óleo no mar,
Mas Palmeiras? Onde canta o sabiá?
- não! Não tem.

O IBAMA esta em greve
Nada contra o fazer greve
Já que é de greves que vive o Brasil
Mas o IBAMA está em greve!
Querem dividir o “IBAMA”
Fazer lá, sei o quê?
Criar o Instituto Chico Mendes?
É Chico Mendes!
Nem você sobreviveu.

Gonçalves Dias, eu tento.
Compreender a tua saudade
Na “Canção do Exílio”
Mas se tu vivo estivesses
Escreveria uma outra Canção do Exílio
Mesmo morando na sua própria pátria.


























NÃO USAREI ASPAS


Não usarei aspas
Por pronunciar a expressão
Que não é aceita
Pelo patrão

Usarei, sim!
Para apossar
Do que não é meu

Prumode que,
Não será aceito pelo
Patrão?

-mode que? - não sei.
E si nóis for
Buscar na gramática?
-não há de encontrar?
Pode ser qui sim
Pode ser qui não
Se essa gramática
Não for feita
Pelo patrão

Mas se tu é prefessor,
Pru que aceitar mode que?
-mode que papai falou.
Mode que mamãe falou,
Mode que vovó falou também
E boa parte dos que tão
Na minha volta
Falam modeque também
Aliás, também eu não falo assim.
Eu falo tombem
E nisso muitos riem de mim
Por não pronunciar também
Parece-me que está convencionado colocar
Aspas nos falares errados dos outros

Elitisam a nossa língua
À força da exclusão
Tentam nos domar
Mas... Quero ver domar
Àqueles que usa sua língua
Para comunicar
E por todos é entendido
Mas... Nem todos o aceitam


Não usarei aspas em nois vai
Porque quem sabe
Nóis vai pra gramática normativa
Assim como nós vamos
Resumiu-se a vamos
Mas... Se nóis vai não for
Nós todos vamos pra
Cadeias das aspas
Sem identidade lingüística.





MEU IDEAL


Utilizo-me do pensamento
Para compor o meu poema
Não olho para trás
Em busca de sonhos mortos
Nem para a professora de infância
A fim de entender a distância
Qual nos separava

Distância do agradável
E da alegria
Compreendo, então
Que sem compreensão
Não há diversão


A vida me pregou uma peça
Corro logo... De pressa
Com ansiedade de lutar
Pois passei até aqui sonhando
Na utilidade da educação
E conclui então.
Que os muitos anos que estudei
Algum proveito. Tirei
Mesmo com o medo de errar

Preciso corrigir os meus erros
E nunca deixar de errar
Pois se erro, erro num caminho.
Se não erro, logo não caminho.

Prefiro resumir o meu passado
Com uma palavra
ESTUDEI!
Usarei no meu presente
ESTUDO
Para o meu futuro
CONTINUAREI ESTUDANDO
Portanto, estudar é o verbo resumo da vida.






















PALAVRA GERADORA


A palavra é o espermatozóide
Expelido pelo homem e/ou pela mulher
Que em contado com a consciência
Dá origem a outras palavras.

A palavra é o ovo ou zigoto
É o embrião em formação
É tardia ou muito breve
Vem na espontaneidade
Ou num forçar contínuo
O importante é que ela vem.


Vem ao mundo dos viventes
Como assassina, ou como gestante.

Fui formado por palavras de outrem
Para gerar as minhas também,
Mas se a palavra tem dono,
Isso não sei
Porém quem quiser ser dono da mesma
Torna-se propriedade desta


A palavra existe antes do homem
O monossílabo se tornou decassílabo
A rima fez-se estrofe
Gerando sonhos
Destruindo barreiras
Criando fronteiras... E mais fronteiras!
Para mais tarde acabar


Disseram-me que sou poeta,
Se isto é verdade!
A História responderá por mim
Porque por enquanto
Prefiro beber nas fontes suáveis da imaginação


Quando leio o mundo
Percebo a incoerência dos homens
Alguns colocam o “o” no acento
E deixam a vida sem ar
Outros colocam o acento no “o”
E deixam à vida jiló.
















EXPRESSÃO DE DESABAFO



Uma caixa, um malote ou ainda...
Ou ainda qualquer coisa
Que possa caber
Caber o que não se cabe
Não há cabimento para tal.

Tentaram fazer de mim
Papagaio de aroeira
Gravador de voz envelhecido
Só para no amanhã ser um repetidor de sons
Sons ocos e sem sentido
Pois o único som que faz sentido
É o da liberdade
Liberdade de dizer que pau é pau
E pedra é pedra
Ou ainda mais
De dizer que meu conceito para pedra
Pode ser de pau
Já que no meio do meu caminho
Não tem a mesma pedra
Que estava no caminho de Drummont


Não dá pra ser arquivo morto
Em meio uma vida agitada
Nem arquivo vivo sob comando
Para no momento que quiserem,
Pronto!
É só acessar.
Não estou posto à venda
Nem funciono a base de energia elétrica
Sou movido de sentimentos

No meu deposito não posso guardar
O que é dos outros
Só dá pra guardar o que é meu
Mesmo que o original vire cópia

Garanto que preciso da contribuição
De todos os homens que viveram antes de mim
Dos que comigo estão
E dos após mim virão
Mas por nenhum serei influenciado
A ponto de deixar de ser eu,
EU mesmo.
Com minhas virtudes e meus defeitos
Eu crente, eu incrédulo.
Eu vivo
Eu morto.

Embora não me considero egocêntrico
Tenho eu minhas convicções
Serei original
Serei eterno
Serei o quadro pintado
Por Deus
Deus meu
Senhor meu



A VERDADE DO POETA


Vou furar o mar
E penetrar no fundo do oceano
Oceano das idéias

Vou pisar em solos
Onde meus pés já pisaram
Só pra ver
O que deixei para trás

Vou pular o tempo presente
E chegar o tempo futuro
E regressar ao passado
Para resgatar sonhos

Pois o sonho que se sonha
No estado do sono
Será simplesmente sonho
Mas o sonho que se sonha
No estado da vida
Como um trabalhar de arquiteto
Pode vir a ser realidade

Nunca serei um saudosista
Em um mundo que se degrada
Prefiro ser um sonhador

O mundo é o lapidador de sonhos
A vida é também
O tempo muito mais
... Bem... E, eu?

Eu sou a pedrinha
Do artesão
Eu sou a madeira
Do marceneiro
E também artesão e marceneiro
Sou eu
Embora não saiba usar
O serrote, o compasso ou a machada.
Mais o lápis? Sim, eu posso.
Ah! O lápis...
Quando minha hora chegar
Gostaria de deixá-lo
Para meus filhos
Para os meus netos
Para meus amidos e até inimigos

Quando eu passar os portões celestiais
Não quero que coloquem os meus pertences
Em museu algum
A não ser no museu dos pobres
Não coloquem flores
Na minha caixa de passaporte
Deixe apreciá-las ainda neste mundo!
Por que as flores do céu
São mais cheirosas


Amigo, não perca a chance.
De conhecer a VERDADE
Eu sei que a minha verdade
Pode ser para ti mentira
Porém...
É com minha VERDADE
Que viajarei para o céu

Por favor, não me interrompa.
Já estou de vestes prontas...
E não malas
Pois não preciso de bagagem
A não ser, a da FÉ.























IDENTIDADE NATALINA


Estou preso à minha mãe
Por um cordão umbilical
E ainda que possa me soltar
Não quero!
O meu cordão umbilical
Está em Presidente Dutra
Se a renegasse
Ela continuaria sendo minha mãe

Minhas raízes
Estão misturadas àquela Terra
Terra que sustenta o caule forte
De um povo lutador
Terra de voz mansa e arrastada
E de homens ágeis e inteligentes
Terra que ostenta o título
De Capital Mundial da Pinha

Tu és mãe de um povo guerreiro
O teu sangue corre em minhas veias
Para onde eu for
Levarei comigo a certidão de filho teu
Se até ao limite do mundo eu for
Comigo irás

Em teu seio está Ramos
Em Ramos tem baixão
Cujas correntezas de águas barrentas
Arrastam tudo que estiver na frente
Baixão, cujas correntezas de águas barrentas.
Param em Araçatuba...
Ou melhor!
Elas não param,
Elas pulam a barragem


Ramos!
O teu filho deseja que os cartógrafos
Façam um tratado a teu respeito
E te coloque como um pontinho, que seja.
No mapa-múndi
E se assim não fizerem
Espero que eu o possa fazer
Quem sabe como Drummont colocou a Itabira.


















O CHORO DA FILHA DE ÉSTER

A filha de Ester
Não quer ser pedagoga
Será por quê?
Será porque essa terminologia
Soa como xingamento?
Ou por causa do pagamento,
Enquanto profissional digno?

É fácil colher rosa sem espinhos
No jardim da imaginação
Mas no da realidade
Os espinhos...
São os da Coroa de Cristo


O professor Marielson
Perguntou a filha de Ester
Se ela queria ser pedagoga
... Ou, melhor.
Ele não perguntou, ele afirmou.
E diante de tal afirmação
Veio o surpreendente
Choro da filha de Ester
Na turma de Letras
Todos sorriram
Como se não fossem pedagogos também
Só não a filha de Ester
Ela chorou.

Afinal, porque a filha de Ester chorou?
Resposta? Não tenho.
Porém uma coisa sei
Aquele choro não seria tão solitário
Outras filhas de outras tantas Ester(s)
Choraria um dia

A esperança vem montada
A cavalo, mas e no lombo da tartaruga.
Que chega ao Brasil

Fecundei-me com sonhos
Engravidei-me da esperança
E hoje espero um filho da determinação
Mas a acomodação dos políticos
Ordena-me a abortá-lo


Não! Não roubem o meu filho
Não matem o meu filho!
Já estou chorando...
Já estou chorando
O choro da filha de Ester
Já estou sentido
As dores do aborto
Não estou em tempo
De dá luz, nem trevas.
Priorizem a minha gravidez intelectual


Não tenho o dinheiro da passagem
Para assistir à aula do professor Marielson
Não tenho 2,80 para ir e vir
Que farei então?
Cantarei a musica de Skank
“Dá-me uma esmola por amor de Deus”?
Ou escreverei um cartaz
Com letras garrafais
FUNDEB é balela
Ser professor!
É orgulho e dor
E muita dor!
ÉÉÉÉÉ!
Mas para dá luz, precisa se de dor.
Ou não?
Agora entendo
Por que a filha de Ester chorou
Chorou por causa da dor
ÉÉÉÉÉ!
Mas passa jiló que passa.











IDEOLOGIA


Não sou um poeta
Encomendado pela elite
Nem pela pobreza
Nem pela religião
Nem pela nacionalidade
Sou sim!
Funcionário da Palavra
Do Verbo vivo
Da sintaxe
Da sílaba
Do texto
Do contexto


Não emprego o til
Para dá um som mais forte
Emprego o
Porque a gramática me obriga
A gramática obriga tudo e todos
Nesse território
Obriga os tritongos não se separarem
Obriga os hiatos se separarem
Obriga colocar o acento no “i”
De políticos, enquanto os mesmos.
Colocam o “o” no acento.

Num país de desempregos
Somos obrigados a empregar
E pagamos caro por isso,
Se não formos bem sucedidos
No emprego


Não abro mão da minha normativa gramática
Nem fecho mão também
Procuro temperá-la
Com o tempero do nordeste
Às vezes com o do sudeste
Com do leste
E do oeste
E se possível for
Importarei de outros países também
Mas preciso ter cuidado com a alfândega

Há quem tempere a gramática com o internetês
Confesso que pouco faço
Mas um conselho dou
Quem usa, não abuse!

Não sou poeta dos escravos
Nem dos oprimidos
Nem dos vituperados
Nem da burguesia
Nem dos flagelados
Nem do povo
Nem da massa
Sou apenas poeta
Ou uma criança que brinca com as palavras
Já que na minha infância
Não tive dinheiro para comprar
Brinquedos


A ideologia do poeta
Esta pautada no sonho
Alicerçada nas letras
Com rima ou sem rima
Em versos ou prosa
Esta embasada na realidade
Com um toque de fantasia
Vem implícita ou explicita
Na leitura dos livros
Na leitura da vida
O certo é que ela vem


Como poeta não quero ser claro
Para não ser racista
Nem escuro
Como apenas afirmação racial
Serei fazedor de versos
Com minha tonalidade
Não negarei a minha fé
A custo da fama
Nem a custo da intelectualidade
Serei dependente de Deus
E não monopólio da morte.



sexta-feira, 11 de maio de 2007

A morte do amor

Envio merecido pêsames
àquele que deixou o seu amor morrer,
àquele que não soube medicar
com o medicamento certo o seu amor

Envio merecido pêsames
àquele que além de deixar o seu amor morrer
está morrendo por conta deste amor

O amor tem vida curta
quando não alimentado,
tem saúde pouca
quando não cuidado

O amor...
tem certidão de nascimento,
festejado pelas flores, estrelas e lua
tem certidão de óbito
assediado pela angústia...
tristeza e solidão

No velório do amor
todos os sentimentos estão presentes
porém só a tristeza manifesta-se,
os outros mantém-se calados.

Portanto, nutre o seu amor
e não deixe o morrer.




Autor : Aderlan Gonçalves Almeida

segunda-feira, 16 de abril de 2007

SEM VOLTA E SEM SAÍDA

É preciso fugir
quando vir a sentir
a fome chegar
a terra escaldar
e a esperança partir
É preciso sonhar
numa terra de amor
onde não vigore a dor
nem tão pouco a miséria
que destrui a matéria
sem piedade e fulgor
a falta de chuva merecida é
mas, cadê o Mané? o João, o José?
que plantando feijão
não consegue dá pão
ao seu filho Zezé
Terras que me viram chegar
são as mesmas que me verão partir
pois estou sem volta e sem saída.
Aderlan Gonçalves Almeida